Ele apareceu sisudo na cafeteria (uma das melhores do Mercado Municipal de Curitiba), pediu o de sempre. Poucos minutos depois seu expresso estava pronto e lia o jornal do dia.
A capa anunciava a visita do presidente da República, Lula, e sua esposa Marisa ao vice-presidente José de Alencar, que retirou alguns tumores do abdome em janeiro e se recuperava no Hospital Sírio-Libanês, que fica em São Paulo. Enquanto o presidente e seu vice riam felizes na capa, muitas pessoas ainda dormiam em suas casas, algumas estavam no mesmo café que aquele senhor, outras não estavam. No verão as pessoas enchem as praias todo o final de semana, uns tentavam curar o porre de sábado com a última coca da geladeira, alguns casais acordavam e outros estavam acordados há horas, pois o filho recém-nascido desperta exatamente às 5h, inclusive no domingo.
Enquanto tudo isso acontecia o presidente da República e o então recuperado vice-presidente riam na capa dos jornais de domingo. Tudo parecia estar bem. Só saberemos como as coisas realmente estão quando explodirem nas capas de segunda-feira, onde até os jornais deixam de ser leves e se tornam reais.
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5 comentários:
VAmos combinar um café então!
beijos!
Viva as capas de jornais e revistas! Está aí o poder do jornalismo...
Beijocas efusiva
tenho a impressão de que 'instantâneos' como aqueles acontecem a todo mundo - a diferença é que grande parte das pessoas chama de cotidiano, outros reconhecem como vida
e não, não coloquei nada em ordem, nem organizei - só mudei umas iniciais pra defender privacidades. A intenção era deixar fragmentado, porque esses momentos surpreendem.
e esse seu texto me lembrou o texto de uma escritora da qual gosto muito, a Márcia Denser, na qual ela pergunta: - ah, porque esse horror à realidade? - eu também me pergunto.
beijo
Olá. Encontrei o seu blog por acaso (através de um amigo em comum: O professor Valdir da UniBrasil). Achei o blog muito interessante e a reflexão sobre capas de jornais, cotidiano... Muito legal!! Parabéns pelo blog e pelos textos!!
Tô sabendo que Su e Gerson são frequentadores assíduos do café do Mercado Municipal.
Preciso conhecerrr.
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