terça-feira, 17 de março de 2009

É confortável - Parte V

Esta é uma continuação de "É confortável - parte I, II, III e IV"



Durante a juventude dona Angelique não se preocupou em cultivar amizades. Em um determinado momento de sua vida achou que aquilo era uma grande falha, mas já era tarde. Não havia lista de telefones, não visitava amigos para tomar chá, café ou, quem sabe, uma boa cerveja.

Ela não era popular e mesmo que fosse sua personalidade não manifestava amizades. Não ter ninguém pode parece atraente em alguns dias, mas viver na profunda solidão aos 50 anos, sem ter alguém com idéias próximas o suficiente que renda dias e noites de tagarelice, parece tortura. Dona Angelique, além de uma senhora muito feia é muito chata, mas esta disposta a mudar isso para se aproximar de Valentin.

Hoje pela manhã, enquanto estava no parque o encontrou. Se cumprimentaram e ele continuou a correr. Mas logo voltou.

Quando o amor aparece precisa ser confortável, para que isso aconteça é necessário ser correspondido. Naquela manhã dona Angelique entendeu perfeitamente.


* Continua.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Banhar os pés

Este verão foi diferente. Não senti as águas do atlântico banhando meus pés, não assisti ao pôr do sol de camarote, não revi grandes amigos. Senti saudades.

Em novembro de 2007 saí de férias e no primeiro dia coloquei a mochila nas costas. Destino? Sim, eu tinha um, Ilha do Mel. Estive lá apenas duas vezes antes de novembro de 2007, mas nunca foi igual. Em novembro foi incrível. Estou com saudades.

Conheci pessoas, caminhei sobre cada pedacinho da ilha, vi cada figura, personalidades, estrangeiros, encontrei amigos. Aprendi muita coisa em pouco tempo. A vi lotada, deserta, em um dia de semana normal, em um final de semana agitado. Fui para ficar 15 dias, mas não sei quanto tempo fiquei. Amei aquele lugar, me senti em casa, com família. Sinto saudades.

O jardim era o resto do mundo com a paisagem mais bela que pude olhar, tinha música o dia inteiro e quando não era um pássaro era um violão, jamais esquecerei cada segundo daquele novembro de 2007. Sempre sentirei saudades.


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sexta-feira, 6 de março de 2009

É confortável - Parte IV

Esta é uma continuação de "É confortável - parte I, II e III"



Curitiba, 06 de março de 2007. Máxima prevista: 28ºC Mínima:20ºC
Sensação: 45ºC (na sombra)

Com esse calor Dona Angelique caminha no parque apenas pela manhã, antes das 9h e faz uma semana que não o encontra.

Ela estava um pouco cansada e sentou-se no banco, olhou para o lado direito e resmungou como todas as senhoras chatas fazem. Virou para o esquerdo e se assustou, lá estava ele, sentado ao seu lado e ela não sabia o que fazer, seu coração começou a bater mais forte, colocou um sorrisinho sem graça no rosto e fez de conta que não se importou com aquela aproximação tão desejada. De repente ele virou para ela e disse, como um bom curitibano:
- Que calor que faz nessa cidade!

Ela não sabia o que responder, mesmo o comentário simples. Será que falaria da sua pressão? A dúvida a torturava, mas conseguiu:
- Verdade, parece que cada ano piora.

Dona Angelique se saiu bem, e começaram a conversar. Ficaram pouco tempo, pois o sol estava cada vez mais forte e não tinha nenhuma nuvem no céu. O nome dele é Valentin, ao contrário de Dona Angelique ele parece ser mais novo.

Ouvir a voz dele foi mais que estar no céu.



*Continua