Esta é uma continuação de "É confortável - parte I"
O desejo não tem idade, não tem cor, não tem gosto, não tem cheiro. Engana-se quem pensa que os velhinhos são todos como dona Angelique, que vive à espera do dia em que a morte bater em sua porta.
Naquela manhã dona Angelique entendeu o que é atração.
É com a atração que tudo começa. Essa palavra tão pequena provoca o primeiro beijo, a carona para casa, o convite para um jantar. É com a atração que o amor acontece, que o sexo acontece, que o compromisso acontece, talvez isso justifique o faturamento de R$21 bilhões da indústria de cosméticos em 2008, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) . As pessoas procuram ficar bem para as outras, procuram se sentir belos.
Dona Angelique não tinha mais jeito, não havia cirurgia que melhorasse aquele rosto horrível. Mas naquela manhã ela não pensou muito nisso. Apenas admirou o monumento humano que ao correr parecia que dançava levemente sobre as nuvens.
Ela desejou. Nunca havia sentido isso, nem com seu falecido marido. O desejo corria por suas veias, passava por todos os seus órgão e por dois minutos se sentiu no céu, como se estivesse correndo com seu anjo sobre as nuvens.
O tempo começou a fechar e com a queda da primeira gota de chuva voltou à realidade, foi para casa e antes mesmo de sair do parque já pensava em antecipar a caminhada no dia seguinte.
* Continua
Um comentário:
Como você é má "Dona Angelique não tinha mais jeito, não havia cirurgia que melhorasse aquele rosto horrível" hehe
Tá ficando quente...
Aguardo novos capítulos.
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