terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

É confortável - Parte III

Esta é uma continuação de "É confortável - parte I e II"



De acordo com o senso demográfico do IBGE, 23.953 mulheres com idade entre 60 e 64 anos residiam em Curitiba em 2000. Dona Angelique tem 50 anos, mas aparentemente faz parte desse grupo.

Na tarde que seguiu aquela manhã de flertes e desejo, dona Angelique sonhou acordada. Acostumada a cochilar às 15h respirou fundo antes de fechar os olhos e quando soltou o ar disse, com o tom de voz baixo, quase inaudível:
- O amor é confortável.

Depois de 50 anos foi entender o quanto é gostoso sentir o arrepio que passa por toda a coluna e inexplicavelmente vai parar no couro cabeludo, onde pousa por alguns segundos e de repente desaparece, deixando apenas o rosto rosado e uma agradável palpitação no coração. O sentimento, em qualquer que seja o seu formato, nos engana e ao decorrer de toda a vida é isso que manifesta a confusão do que realmente se sente.

O amor é confortável, mas não é para todos. É necessário que haja um certo grau de sensibilidade e humanismo, sem esses e alguns outros sentimentos não é possível sentir, não é possível permitir que se sinta, nem que sintam por nós.

É uma entrega, muitas vezes ingrata. Que pode acontecer a qualquer momento, como com dona Angelique.

Naquela tarde teve o sono mais agradável da sua vida.

* Continua.

2 comentários:

Unknown disse...

que legal Su!
Li as 3 partes já!

Ai,ai, preciso de algo assim!=)
beijos

Unknown disse...

Muitas vezes o amor é ingrato sim, mas sempre vale a pena...