sexta-feira, 19 de junho de 2009

É confortável - Parte VI - Final

Esta é uma continuação de "É confortável - parte I, II, III, IV e V"





Pi... Pí... Pi...
-Porque não se calam?! Porque não desligam essa porcaria que não para de apitar na minha cabeça?!


É 21 de junho de 2007, exatamente início de inverno. Valentin não conseguia falar e se irritava com um apito que parecia estar muito próximo de seu ouvido. Começou a pensar em dona Angelique. Não parava de pensar em dona Angelique.

Valentin não conseguia movimentar os pés. Queria sair correndo, mas além de imóvel estava tudo escuro, ele não conseguia gritar, não conseguia chamar por alguém para tirá-lo dali.

Exausto pelas tentativas mal sucedidas de se movimentar de qualquer maneira, caiu no mais profundo sono e sonhou.





Era início do inverno e Valentin corria no Parque São Lourenço. Ele a encontrou.

Dona Angelique segurava firme a sua bengala, estava mais corajosa que nunca. Sem falar uma palavra aproximou-se de Valentin, suspirou e com os olhos cheios de lágrimas deu-lhe um beijo na testa.

A calmaria chegou no seu coração e logo voltou a ouvir aquele apito irritante. Pi... Pi... Pi... E disse, em seu último suspiro:
- O amor é confortável.

Valentin passou os últimos cinco anos em coma, num hospital de Curitiba. Nunca conheceu dona Angelique, ela nunca existiu, mas o período desses cinco anos foi mais real e intenso do que já viveu longe daquele hospital.



Fim



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2 comentários:

Unknown disse...

Ai que triste!

Mas gostei bastante das histórias!
Quando vc escrever teu livro, quero ser a primeira da fila!=)

Stephanie disse...

um final inusitado, é verdade.
certas ilusões são muita reais para quem precisa se apegar a alguma coisa.

beijo