É engraçado que com o tempo sentimos a obrigação de sempre postar alguma coisa no blog. Antes da existência do Hibiscus tive anos de atraso devido a minha profunda preguiça de selecionar meu Layout. Preguiça da melhor qualidade e intensidade.
Passei anos escrevendo coisas em papéis que eu nunca mais encontrarei. Pode parecer estranho, mas era interessante pegar o ônibus no domingo de tarde, normalmente meu destino era o MON (Museu Oscar Niemeyer), ou o Largo da Ordem mesmo. Na verdade acho que era mais o Largo da Ordem do que o próprio museu que me atraía para o centro de Curitiba nas tardes cinzentas de domingo.
O fato é que eu normalmente carrego comigo algum papel e material para escrever, normalmente uma caneta. Perdi dezenas de textos, bons ou não, eu não sei, não deu tempo de ninguém lê-los, mas me lembro bem do dia da "Cachoeira".
Eu estava sentada (gosto de ficar no fundo do ônibus, assim consigo ver todas as pessoas que entram), e ela entrou.
- Cachoeira! Cachoeira!
Ela olhava com fervorosidade, buscava a atenção de alguém. Meu pensamento se uniu a todos os outros, pensamos juntos! Ela só poderia ser louca, concluiu meu pensamento que interagia com os outros através de olhares acusadores e medíocres.
Ela sentou na minha frente, ao lado de um senhor, olhou para ele e disse:
-Cachoeira, esse vai para cachoeira?
Sem dizer uma paravra e quase sem se mexer, aquele senhor vergonhosamente fez com a cabeça que não. Mas ela estava muito agitada, não sosegaria com nenhuma resposta morna. Ela esperava a convicção de alguém, a certeza de que chegaria até a Cachoeira que tanto procurava.
Ela se levantou, caminhou entres os bancos continuou a pronunciar:
- Cachoeira! Cachoeira!
Descontente saltou na próxima estação tubo. Os olhares deixaram de ser medíocres, em poucos segundos meu pensamento não interagia com nenhum outro.
Um comentário:
Olha só!
Ela tava querendo vir aqui pra casa! huahuahuahua, se fosse eu, interagiria com a pessoa, descobri que gosto de falar com estranhos!=)
beijos Su!
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